DECEPÇÃO – Essa é a Palavra que
define meu estado de espírito correlacionado a atuação dos nossos Vereadores
(controladores sociais) de Cabo Frio.
Estivemos hoje em frente a Câmara
Municipal de Vereadores em protesto contra a inescrupulosa nomeação do Deputado
e Pastor Marco Feliciano à Presidência da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara de Deputados e no horário da Sessão adentramos na
assistência da Casa Legislativa Municipal com faixas e sinais de nossa
insatisfação.
Para que fique registrado, até porque não é necessário factóide a respeito, mas a adesão ao protesto em via pública não foi das melhores, por conta do horário e dia cruelmente escolhidos (que no caso coincide com o horário de trabalho de muitos). Mas na sessão ordinária à assistência esteve lotada e lá sim tínhamos diversos representantes de todos os segmentos discriminados pelo pastor unidos para mostrar insatisfação.·.
Agora o que realmente me deixou
de boca aberta foi à omissão por parte de alguns vereadores, que por pressões
religiosas (que já estamos sabendo que foi) sequer se manifestaram sobre tal
fato.
Que fique claro, estiveram presentes
na sessão de hoje (12) os vereadores Ricardo Martins, Aquiles Barreto, Celso
Campista, Braz Enfermeiro, Paulo Henrique Corrêa, Vinicius Correa, Fred, Zé
Ricardo, Jefferson Vidal, Rodolfo Machado, Vanderlei Bento, Eduardo Kita, Luis
Geraldo, Emanoel Fernandes e Dr. Taylor.
Mas somente os três últimos vereadores supracitados reverberaram nosso protesto e se mostraram contrários ao discurso intolerante e preconceituoso do Deputado Federal.
Não dá pra aceitar que as convicções religiosas de nossos legisladores em pleno século XXI ainda imperem e que esses senhores eleitos com a bandeira da juventude e de nova cara do panorama político não lancem uma palavra de apoio ao movimento social e de repúdio a intolerância.
Quero acreditar que os vereadores OMISSOS não sabem a importância que tem a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados ser ocupada por alguém com profundo compromisso com os Direitos Humanos inscritos na Constituição e um notório conhecimento sobre os importantes mecanismos de defesa e promoção dos Direitos Humanos presentes no avanço das políticas públicas das últimas duas décadas.
Assim como não to acreditando que
os mesmos não saibam que o Deputado nomeado para assumir a Presidência da
referida comissão, Marco Feliciano ostentou imensurável racismo em meio a
pregações religiosas veiculadas na TV e amplificadas pela internet onde afirma
que os afrodescendentes são amaldiçoados e que fez diversas postagens em seu
micro-blog pessoal, (twitter) afirmando que as relações entre pessoas do mesmo
sexo levam ao ódio, ao crime e à rejeição, bem como que o casamento igualitário
é uma porta aberta ao caos.
Um repórter sem graduação e com
bizzaros erros de português não seria o mais indicado para liderar uma equipe de
jornalismo, bem como um médico clinico geral indicado para atuar e chefiar a
área cirúrgica de um centro médico, tão logo pressupõe-se que uma pessoa que
não entenda e não tenha notório conhecimento sobre os direitos humanos seja a
indicada para ocupar o cargo máximo de uma Comissão que deve ser pautada pela
defesa dos direitos humanos de todos e todas, em especial daquelas pessoas que
apontam diversos indicadores de vulnerabilidade à violência.
Senhores vereadores, todos os posicionamentos do Pastor e Deputado estão frontalmente contrários à defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e a sua postura racista, leva-me a entender que, tendo Marco Feliciano como presidente, a CDHM não estará aberta ao diálogo com segmentos minoritários e marginalizados da sociedade que, a priori, deveria defender.
Ressalto ainda que nosso protesto
nada tem a ver com a religião do deputado, mas sim com o risco que seus
posicionamentos e seus entendimentos levem-no a uma condução equivocada desta
importante Comissão e a negligência de diferentes temas e segmentos da
sociedade que ainda experimentam a violação de seus direitos.
Jaz somente por hoje, em meio a
esta decepção, um jovem que continuará a acreditar nas mudanças, (mesmo quando
elas pareçam impossíveis) e que nunca desistirá de batalhar pelos direito
negados ao povo.
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