Onde estão todos?
Venho tentando dar minha
contribuição pessoal á uma causa que, acima de justa, é vital para a
sobrevivência do mais comezinho conceito de “federação” que temos: a manutenção
dos royalties do petróleo com o maior quinhão destinado aos Estados que sofrem
o ônus desta exploração.
Causa-me pasmo, entretanto,
verificar que o protesto – brilhante e rapidamente organizado pelo Prefeito
Alair Corrêa, de Cabo Frio – vem murchando á olhos vistos – e pior: sem ter
comovido parcela significativa de pessoas e classes costumeiramente suscetíveis
e mobilizadas para o protesto e a manifestação.
Onde estão os trabalhadores da
extinta SECAF, que tanto empenho demonstraram em sua justa reivindicação pela
aplicação dos novos reajustes determinados pelo recém aprovado Plano de Cargos,
Carreira e Remuneração(PCCR)? Esperando
o dinheiro cair em conta corrente para, em caso de erro – e só neste
caso – organizarem nova e barulhenta ameaça de greve?
Onde estão os estudantes, que por
bem menos demonstram sua agilidade e capacidade de mobilização? Esperando que
seus mestres digam o que podem e o que não podem fazer, de acordo com as
conveniências sindicais?
E por falar em sindicatos, onde
está o Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (SEPE), seção Cabo Frio?
O que vejo em páginas de redes sociais, entrevistas em TV, rádio ou jornais é
referente somente ao dinheiro do PCCR, se veio certo, se veio errado, se os
descontos conferem – o eterno e vil dinheiro que, se sobrepuja facilmente ideologias, quanto mais interesses alheios
aos seus, como seja, os interesses de todo o povo de uma região, de um Estado,
de sua cidade natal.
Patriotismo tornou-se uma palavra
proibida, classificada no índex maldito dos “conceitos direitistas”. E o que me
permite a suposição de que “pátria”, para estes cidadãos, é uma abstração
burguesa, uma arma de dominação das elites e que foi prontamente substituído
pelo “eu” disfarçado de “social”.
Estou tentando fazer o pouco que
está ao meu alcance: transmito aos meios de comunicação a verdade como ela é,
sem meias palavras, subterfúgios ou eufemismos. Em uma hora tão grave e crucial
não fecho a porta sequer aos sentimentos separatistas que vejo surgirem ao meu
lado – ainda que quase em tons jocosos, mas sempre uma ameaça velada que
deveria alarmar os iluminados de Brasília.
Tentei difundir a palavra de
protesto através destas mesmas redes sociais, mas encontrei eco pífio e, maior
parte das vezes, sem vigor. Tentei incutir a realidade alarmante da situação
nos noticiários mas encontro apenas a reação glacial dos que calculam o quanto
ganham ou perdem com tal e tal notícia. Tentei, finalmente, organizar uma
viagem de protesto ao Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro: basicamente, uma
motociata (passeata de motos) mas que poderia e deveria receber calorosamente
automóveis, ônibus, caminhões, patinetes – o que fosse – desde que com a
disposição de engarrafar toda a Via Lagos, a ponte Rio Niterói e, com isso, recebermos
a devida e merecida atenção da grande mídia.
E o que apurei de tudo isso?
Nada. Apenas um ou outro murmúrio de apoio, afinal o que é que o sujeito ganha
com isso?
Não está na moda; nenhuma novela
da Rede Globo tem uma cena com jovens de cara pintada – tal como nos idos de
Collor – para incentivar os inertes; o imediatismo individualista cegando quem
deveria saber que o destino de todo um Estado é a insolvência e, por
consequência, seu desemprego e miséria pessoal; e em tudo isso permeia a alegre
despreocupação dos que fazem do engajamento apenas um pequeno surto recorrente,
cuja rescidiva é determinada pela moda e conveniência pessoal.
Brevemente os cofres de todo o
Estado do Rio estarão raspados. Os de Cabo Frio, mais rapidamente atingirão a
exaustão – tanto mais com os pesados encargos de um PCCR, que parece maior que
o destino de um povo.
E aí as dores começarão. As
queixas, o desemprego, a fome e a miséria. E de nada terá adiantado a brilhante
conquista sindical, pois seus representados estarão no olho da rua.
Salvadores da Pátria surgirão em
candidaturas diversas, o assistencialismo e a demagogia mais vil irá campear
livremente na troca de votos das vítimas dos royalties por bujões de gás. E
todos porão a culpa nas autoridades.
Que fique bem claro o papel de
liderança de Alair Corrêa na região: ele foi o estopim que incendiou toda a
Região dos Lagos, unindo forças com o Norte Fluminense e o Governo Estadual,
acima de disputas políticas ou partidárias. Desta vez não há como o povo
debitar a conta nos seus governantes pois – sim, creiam – eles estão fazendo
sua parte.
Mas de nada adiantarão líderes
roucos e exasperados tentando animar multidões flácidas: é preciso que o
contribuinte desperte, acorde para o assalto á mão armada que está sendo vítima
e proteste até as últimas consequências.
Encerro citando Foerster: “quem
não usar – agora e já – os olhos para ver, terá de usá-los para chorar”.
Walter Biancardine
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