O Blog Cartão Vermelho tem a
honra de anunciar o mais novo membro de sua família, trata-se do renomado
jornalista Walter Biancardini, que a partir de hoje passa a assinar a coluna
“Jornal do Opinião”.
Bem vindo Walter, a família
Cartão Vermelho se engrandece com sua chegada.
Nada de novo sob o sol
Posso dizer que toda a minha
infância e adolescência se passou na expectativa de dias melhores, que
certamente viriam com a chegada da esquerda ao poder.
Cresci e fiquei barbado sob o
regime militar; fiquei indignado com tudo o que nos era imposto ou proibido
pela simples força das baionetas e lia, religiosamente, o Pasquim e demais
folhetos – maior parte deles mimeografados – da esquerda, a brava esquerda que
denunciava as barbáries e os desmandos do governo da caserna.
A miséria – pouca, é verdade, mas
sempre cruel – me causava revolta e dediquei sérias horas a cismar o por quê de
um governo ser tão indiferente e insensível, a ponto de jamais ter pensado em
estender mãos auxiliadoras á toda essa gente.
A impunidade pelo simples fato de
ser amigo ou parente de “alguém”, os privilégios de casta – a casta verde-oliva
– os ungidos que jamais seriam confrontados com as barras de um tribunal para
pagar pelos seus crimes, tão variados quanto roubos e assassinatos. E nada
disso tinha fim, vinte anos inteiros se passaram, músicas famosas foram
compostas e até hoje remetem á uma época em que uma juventude inteira aprendeu
a lutar pelos seus direitos e se politizar.
Mas veio a abertura, lenta,
gradual e irrestrita. As diretas – já – colocaram em Brasília a vítima de mais
uma história que jamais seria contada ao povo. Mas, ao menos e á custa de
sangue, os civis retomaram o poder.
Da direita empedernida do
primeiro bigodão presidencial, passando pelos cabelos glostorados do homem que
quis levar o país ao século XXI mas só o conduziu ao 171, chegamos finalmente
ás barbas da tão sonhada esquerda no poder – uma longa e cabeluda história
política que acompanhei de perto.
Hoje a esquerda – creio que seja
a esquerda – está no poder, já em sua segunda geração e usando laquê.
Posso dizer que minha idade
adulta e início de velhice estão, agora, se passando na expectativa de dias
melhores que certamente virão. Só não sei com a chegada de quem, no poder.
Criei barriga e cabelos brancos
sob o regime dos “companheiros” no poder, fiquei indignado com tudo o que nos
era imposto ou proibido pela simples força da maioria congressual obtida por
mensalões ou teocratas moralistas e lia, religiosamente, os blogs da oposição
que – pasmem! – se intitula de “a verdadeira esquerda”!
Então a “esquerda” que nos domina
atualmente é falsa? Seriam cripto-capitalistas infiltrados pela CIA nas hostes
do MR-8? Quizás, quizás, quizás...
A miséria – devastadora, é
verdade, mas subtraída da realidade através das classificações delirantes de um
IBGE-classe-média-de-mil-e-quinhentos-reais, agora ostenta feliz seu crediário
das Casas Bahia e vota cegamente em qualquer um que acene com a possibilidade
de melhorar seu churrasco na laje. E dediquei sérias horas cismar o por quê de
um povo aceitar esmolas como bolsa-família, bolsa-gás, bolsa-transporte,
bolsa-cultura, bolsa-refeição, sem sentir um pingo de vergonha ou danos á seu
orgulho de cidadão capaz.
A impunidade pelo simples fato de
ser amigo ou parente de “alguém do partido”, os privilégios de casta – a casta
do ABC metalúrgico – os ungidos que jamais seriam confrontados com as barras de
um tribunal para pagar pelos seus crimes, tão variados quanto roubos e
assassinatos. E nada disso terá fim; dez anos inteiros se passaram, músicas
famosas até hoje remetem á uma época em que uma juventude inteira aprendeu a
lutar pelos seus direitos e se politizar, mas que são usadas apenas para
embotar qualquer possibilidade de questionamento público por tanta ladroeira,
já que as músicas são de “esquerda”, e a “esquerda” não mata nem rouba.
Sim, amigos: nada terá fim, pois
a mídia dobrou-se á mais poderosa das ditaduras – o absolutismo
financeiro-populista, criado pelas mãos dos magos marqueteiros e mantidos pelo
sangue da classe média, a única pagadora de impostos e que financia as hostes
ociosas do socialismo adolescente brasileiro.
O Brasil nunca mais se recuperará
após Lula e Dilma.
O brasileiro nunca mais saberá o
valor do trabalho após tanto assistencialismo e demagogia.
O povo nunca mais pensará, após a
enxurrada de crediários, novelas de TV e Ximbinhas da vida.
O Brasil poderia ter sido um
grande país – se todos nós tivéssemos trabalhado para isso.
Mas deixa isso pra lá, pois o
feriado está chegando e o que importa é o churrasco, a cerveja, o pagode e ver
Salve Jorge.
Mas Jorge não pode mais salvar.
Walter Biancardine
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