TRAGÉDIA ANUNCIADA
Caro amigo e paciente leitor, escrever
sobre meio ambiente não é lá uma tarefa das mais fáceis, porém todo dia devido
a falta de conhecimento de pessoas que dizem entender do assunto, estamos
postando colunas com fatos que aconteceram ao longo do mês. Após termos lido,
assistido e comentado ao longo da semana, o resultado das fortes chuvas na
região serrana do Rio de Janeiro, eu mais uma vez venho a essa coluna trazer
aos nossos leitores e amigos, alguns esclarecimentos quanto ao que vem
ocorrendo na região, ou melhor, o que vai continuar o correndo na região
Serrana, e nas demais regiões que apresentam moradias em áreas de risco.
Pelos menos 16 pessoas morreram, e
segundo dados aproximadamente 560 ficaram desalojadas após temporal em
Petrópolis. Só para o leitor ter uma ideia entre a noite de domingo e a manhã
do dia 18 de março de 2013, choveu na cidade 358 milímetros, mais do que o
previsto para todo o mês, mas ai começam as duvidas e a falta de esclarecimento,
todos nós sabemos como ja dizia a musica do maestro Tom Jobim, “são as águas de
março fechando o verão”. Será que só o maestro sabia disso, ou já faz parte do
nosso calendário de tragédias, entre Dezembro e início de Abril acontecer
graves acidentes via fenômenos naturais, que a meu ver de naturais não tem
nada. Senão vejamos:
Em 2008, o alvo da força das águas foi
Santa Catarina. Segundo dados a tragédia deixou 137 mortes em mais de 60
cidades afetadas. Mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas e pelo menos 25
comunidades sumiram do mapa. Já na madrugada do dia 1º de janeiro de 2010, ocorreu
o deslizamento da pousada Sankay, na Praia do Bananal em Angra dos Reis. No dia
7 de abril de 2010, o acúmulo de água provocou um grande deslizamento de terra
no Morro do Bumba, em Niterói. Dezenas de casas construídas em cima de um
antigo lixão, no Morro do Bumba, foram soterradas em uma “tragédia anunciada”.
Em 2011, a cidade de Nova Friburgo, vivenciou um drama, com o deslizamento de
terra, inclusive praticamente acabando com o morro do teleférico (para quem
conhecia um dos pontos turísticos do local), assim como com varias residências.
Janeiro de 2013, a destruição causada pelo temporal que atingiu o distrito de
Xerém, em Duque de Caxias (RJ), e a própria tragédia de Petrópolis em março
desse ano.
Várias são as causas dessas tragédias
urbanas, mas, entre as principais, relacionamos as chuvas, o tipo de piso, lixo
nos bueiros, erros de projeto (drenagem superficial mal projetada) e a ocupação
irregular do solo. A tragédia em Niterói, por exemplo, poderia ter sido evitada
com ação preventiva do poder público. E por mais incrível que pareça, a
comunidade estava instalada em cima de um lixão desativado, onde além da chuva,
uma das causas para o escorregamento pode ter sido a explosão de gás, produzido
pela decomposição do lixo. Isso é tragédia natural?
Em Petrópolis os Rios Quitandinha e
Piabanha transbordaram, destruindo casas e provocando alagamentos. Encostas
desabaram, o leitor sabia que boa parte dos rios de Petrópolis são capeados? Ou
seja, cobertos. Quando o fluxo de água aumenta imaginem o que acontecem com as
casas a jusante (abaixo) do rio.
Caros amigos providencias que são
obrigatórias deveriam ter sido realizadas, medidas de prevenção básicas, como a
proibição de edificações nas margens dos rios e córregos, além de uma dragagem
periódica, proibição de construções em áreas de risco, áreas de inclinações
acentuadas, não vamos aqui mencionar o morro do Bumba, que era um lixão, ali
estava tudo errado, primeiro em ter um lixão, segundo por não desativar o lixão
e remediar o solo, e terceiro por ignorar (poder publico), a construção
desordenada naquela área.
O amigo leitor sabia que deixar
construir às margens de rios é crime ambiental? Companheiros o rio assim como a
água do mar sempre irão tentar reconquistar o seu espaço. Estudos apontam para
as áreas quando ocorrerá maior precipitação, assim como também é possível
prever com exatidão as áreas de inundação. Quem, por exemplo, não passou perto
de um canal ou um curso d’água e viu lixo ou entulhos jogados, pois eles são
responsáveis por represar e assorear o curso d´água, causando pressão rio a
jusante(abaixo), podendo atingir outras estruturas, principalmente pontes. E
não foi exatamente isso o que ocorreu em Xerém? Quem conhece a localidade como
eu conheço, sabe exatamente que existem pessoas morando praticamente dentro dos
rios.
Amigos quando estudamos meio ambiente
existe uma cadeira chamada movimento de massas, sendo essa a que nos prepara,
para estudar e prever os escorregamentos. Três são os principais fatores que
causam o fenômeno são eles; camada fina de solo, forte inclinação e grande
quantidade de chuva, esses sim contribuem para tragédias naturais, porem construções
em área de risco, ou acumulo de lixo nos rios, como eu disse anteriormente, não
é e nem nunca será tragédia natural, e sim um erro de quem administra e permite
tais situações. Por isso enquanto ações preventivas não forem tomadas,
continuaremos vendo esse tipo de coisa acontecer, ou seja, não foi e nem será a
ultima vez que os telejornais terão como matéria principal esse tipo de
assunto.
Com relação a musica que menciona as
águas de março fechando o verão, eu não sei se o poeta estudou isso, mas vamos
a explicação cientifica. É por que no hemisfério sul o solstício de verão ocorre
em dezembro e finda com o equinócio de outono, por volta de 20 de março, devido
a isso as fortes chuvas haja vista a maior temperatura do planeta nesse período
dentro do nosso hemisfério.
Eu sou Charles Domingues Gestor
Ambiental e Químico. Não deixe de acompanhar o meu blog www.charlesdomingues.blogspot.com
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